Acusado de matar técnica de enfermagem no Ceará é condenado a mais de 18 anos de prisão
11/12/2024
Vítima foi baleada ao tentar defender a irmã das agressões do ex-marido. Homem mata cunhada a tiros e dá coronhadas na ex em Varjota
O acusado de matar a ex-cunhada, a técnica de enfermagem Dulce Maria Araújo de Sousa, de 22 anos, na cidade de Varjota, no interior do Ceará, foi condenado pela Justiça a 18 anos, três meses de reclusão e nove meses de prisão e 10 dias de detenção. O julgamento ocorreu nesta terça-feira (10).
Conforme denúncia do Ministério Público do Estado (MPCE), em setembro de 2023, Pedro Ivo de Lima Neto, de 38 anos, foi armado até a casa da ex-companheira, na localidade de Jatobá, zona rural da cidade de Varjota, e jogou pedras no imóvel, exigindo que a ex saísse.
Ao perceber a presença do ex-cunhado, Dulce Maria e sua mãe fugiram para a casa de um vizinho. O agricultor tentou forçar a porta e, em meio a uma discussão, disparou contra a jovem, que não resistiu aos ferimentos.
Logo depois, o homem tentou fugir, mas encontrou a ex-companheira, com quem teve três filhos, e a agrediu com duas coronhadas. O acusado deixou o local levando o filho do casal, de 11 anos. Enquanto estava escondido, o homem chegou a enviar várias mensagens para a filha de 15 anos, ameaçando matar o filho caso fosse encontrado pela polícia.
Durante as buscas, as autoridades negociaram com Pedro Ivo a entrega da criança, que foi resgatada no dia seguinte, debilitada, com sede e fome.
Sentindo a pressão popular, a irmã do acusado informou a localização dele, que foi encontrado em uma casa abandonada, às margens de uma estrada, e não resistiu à prisão.
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Reprodução
De acordo com o processo, o relacionamento da irmã de Dulce Maria com Pedro Ivo havia terminado há 1 ano, porém o homem não aceitava e estava perseguindo a ex-companheira há meses, além de ameaçar a mulher de morte e invadir a residência em que ela vivia. Tanto a mulher como a mãe dela possuíam medidas protetivas contra o acusado.
Em depoimento, a ex-companheira afirmou que a relação de 15 anos acabou porque ela sofria agressões físicas por parte do agricultor, motivada por ciúmes. Posteriormente, ela também tomou conhecimento de que o réu abusava sexualmente da filha mais velha, de 15 anos. Em meio a tudo isso, sua irmã Dulce Maria tentava protegê-la.
Julgamento
Pedro Ivo de Lima Neto foi condenado por matar a ex-cunhada que tentou defender a irmã.
TJCE/ Divulgação
Em seu depoimento, o agricultor disse não ter explicações sobre o que ocorreu no dia do crime, negou já ter agredido a ex-companheira durante os anos de relacionamento, mas admitiu as coronhadas, justificando que ocorreram por motivo de “fraqueza”.
Alegou também que a mulher dificultava as visitas aos filhos e disse que não tinha intenção de atirar contra a ex-cunhada, mas que tentou, na verdade, acertar o vizinho.
Ainda de acordo com o acusado, ele não ameaçou a vida do filho, e afirmou ter sido ele próprio o responsável por indicar seu paradeiro à família e pedir que informassem às autoridades.
Em sessão presidida pelo juiz Suetônio de Souza Valgueiro de Carvalho Cantarelli, o Tribunal do Júri reconheceu o homicídio como triplamente qualificado, pelo uso de meio cruel, utilização de recurso que dificultou a defesa da vítima, e por feminicídio.
Além disso, o réu foi condenado por lesão corporal contra a ex-mulher e por ter descumprido as medidas protetivas de urgência.
A pena deverá ser cumprida, inicialmente, em regime fechado, e o réu não poderá recorrer da decisão em liberdade.
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