Quinze PMs são condenados por integrar rede criminosa acusada de tráfico de drogas, extorsões e outros crimes no CE
20/12/2024
Conforme a investigação, policiais se aliavam a traficantes e recebiam informações de pessoas que cometiam crimes. Os agentes de segurança então exigiam dinheiro para acobertar os atos ilícitos. Policiais condenados roubaram moto em parceria com traficante em Fortaleza
Quinze policiais militares foram condenados por integrar uma rede criminosa acusada de tráfico de drogas, extorsões, comércio ilegal de armas de fogo, entre outros crimes no Ceará. A informação foi divulgada pelo Ministério Público nesta quinta-feira (19).
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Conforme a denúncia, os policiais agiam da seguinte forma:
os policiais militares se aliavam a traficantes de drogas;
os traficantes informavam os policiais sobre pessoas que cometiam crimes como roubo ou tráfico;
com as informações, os policiais se antecipavam ao crime e flagravam os criminosos no momento do ato ilícito;
após o flagrante, eles exigiam dinheiro para acobertar o crime.
Os militares condenados irão responder por crimes de:
associação ao tráfico
comércio ilegal de arma de fogo
corrupção ativa
corrupção passiva
extorsão
integrar organização criminosa
peculato
receptação
roubo e
tráfico, posse ou uso de entorpecente.
Um dos grupos funcionava com a chefia do policial militar Jeovane Moreira Araújo, que se aproveitava da estrutura da Polícia e cometia crimes em plena luz do dia e durante os turnos de trabalho. Em agosto deste ano, ele foi condenado a 124 anos de prisão e multa.
Já o outro grupo, com funcionamento similar, era chefiado pelo policial Paulo Rogério Bezerra do Nascimento, sentenciado a mais de 60 anos de prisão.
O g1 tenta contato com a defesa dos policiais. A Associação de Praças da Polícia Militar e Corpo de Bombeiros do Ceará (Aspramece), que faz a defesa de alguns dos policiais condenados, não retornou as chamadas.
Roubo de moto
Policiais condenados por crimes arrombaram casa e roubaram moto no Bairro Bom Jardim, em Fortaleza.
MPCE/ Divulgação
Entre os crimes está o roubo de uma motocicleta realizado por três agentes de segurança em parceria com um traficante, no Bairro Bom Jardim, em Fortaleza. A ação foi registrada por uma testemunha e as imagens ajudaram a identificar os policiais envolvidos. (veja o vídeo acima)
Um dos casos denunciados pelo Ministério Público envolveu os policiais Jeovane Araújo, Glaydson Eduardo Saraiva e Oziel Pontes da Silva.
Os agentes receberam informações do traficante G, um dos aliados do grupo, para combinar o roubo de uma motocicleta e dividir o valor da venda do veículo entre os quatro. Uma interceptação telefônica registrou a negociação entre Jeovane e o traficante. (ouça abaixo)
Policial militar negociou com traficante roubo de moto em Fortaleza
Segundo a denúncia do Ministério Público, durante o serviço, em plena luz do dia e sem autorização judicial, os três policiais arrombaram com um alicate o portão da casa do dono da moto, no bairro Bom Jardim, e levaram o veículo, sob o pretexto de estarem fazendo uma blitz. Na ocasião os agentes pegaram um aparelho celular e frascos de perfume do imóvel.
"No vídeo, Oziel monta guarda em frente ao imóvel, depois sai conduzindo a moto, acompanhado dos outros dois policiais na viatura. O que o grupo não previu era que o dono da moto iria descobrir o acerto e seguir a viatura policial", disse o órgão.
Investigação
15 policiais militares são condenados por integrar rede criminosa acusada de tráficos de drogas, extorsões e outros crimes no Ceará.
PMCE/ Divulgação
A investigação, realizada pelo órgão ministerial, que mirava em facções criminosas, revelou a rede formada por policiais por meio de interceptações telefônicas e de outras provas coletadas pela Inteligência da Polícia Civil e nas diversas fases das operações Gênesis e Saratoga, deflagradas pelo Grupo de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco) do MP do Ceará.
De acordo com os levantamentos, o grupo criminoso formado por PMs atuou entre os anos de 2016 e 2017, em Fortaleza e na Região Metropolitana.
As provas coletadas foram incluídas em quatro processos conduzidos pela Promotoria de Justiça Militar.
Ao todo, o MPCE denunciou 22 agentes e conseguiu a condenação de 15 deles. Outros 5 foram absolvidos, um faleceu durante o processo e outro chegou a ser denunciado por comércio ilegal de armas de fogo, mas a Vara declinou a competência para julgar o caso.
Os policiais condenados são:
Jeovane Moreira Araújo: 124 anos e 5 meses de prisão, além de 920 dias-multa;
Paulo Rogério Bezerra do Nascimento: 65 anos, 4 meses e 15 dias de prisão, além de 1.500 dias-multa;
Alan Kilson Pimentel de Sousa: 1 ano e 1 mês de prisão;
Antônio Danúzio Silva: 7 anos de prisão;
Auricélio da Silva Araripe: 20 anos e 6 meses de prisão;
Francimar Barbosa Lima: 8 anos de prisão;
Francisco Clébio do Nascimento Alves: 16 anos e 8 meses de prisão e 10 dias-multa;
Glaydson Eduardo Saraiva: 24 anos e 6 meses de prisão;
José Célio Ferreira Cavalcante: 6 anos e 6 meses de prisão e 15 dias-multa;
José Valmir Nascimento da Silva: 6 anos e 6 meses de prisão e 15 dias-multa;
Lázaro César Lima de Aguiar: 1 ano e 1 mês de prisão;
Mauro Jorge Pereira Maia: 6 anos e 6 meses de prisão e 15 dias-multa;
Oziel Pontes da Silva: 22 anos e 3 meses de prisão;
Sanção Ferreira Cruz: 6 anos e 6 meses de prisão, 1 ano e 1 mês de detenção e 15 dias-multa e
Stênio Pinto Estevam Batista: 4 anos e 4 meses e 10 dias-multa.
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